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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é campeão mundial de cesarianas. Enquanto o percentual recomendado pela autoridade é de 15%, a média nacional, de acordo com o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, é de 52,2%. E as autoridades são uníssonas quando o assunto é a melhor maneira de ter o bebê: parto normal é, sem dúvidas, a melhor opção.
Isso porque a cesariana é um procedimento cirúrgico e indicado apenas quando a mãe ou o bebê corre algum risco: desproporção céfalo-pélvica (quando a cabeça do bebê é maior do que a passagem da mãe); hemorragias no final da gestação; ocorrência de doenças hipertensivas na mãe específicas da gravidez; bebê transverso (atravessado); e sofrimento fetal. A ocorrência de diabete gestacional, a ruptura prematura da bolsa e o bebê com
trabalho de parto prolongado também são consideradas indicações relativas para a cesariana.
ENTENDA AS DIFERENÇAS:Cesariana: parto para mãe ou bebê em riscoParto normal: quando o bebê escolhe quando está preparado para nascerCesariana tem recuperação mais lenta"A cesariana, quando feita por indicação, salva vidas, tanto da mãe quanto do bebê. Mas ocorre uma banalização da opção pela cesariana. Temos hoje no Brasil um modelo privado de hospitais que induz à cesariana. A mulher é ligada a um profissional que tem uma agenda, outros partos agendados ou consultas, e nem sempre ele tem tempo ou está à disposição para acompanhar todo o processo do parto normal. Criou-se a cultura de que a cesariana é uma forma prática, moderna e indolor de ter um bebê", avalia a coordenadora técnica do programa Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, Esther Vilela.
"A questão é econômica, pois os médicos precisam atender no consultório (para sobreviver) e nem sempre conseguem dar assistência suficiente às parturientes que optam por terem parto normal. Sabe-se que os partos normais podem levar muitas horas para acontecer, e não são todos os médicos que conseguem se dispor a isso, considerando os valores pagos pelos convênios", observa a psicóloga Cynthia Boscovich.
A recuperação mais rápida após o parto normal é apenas uma das vantagens que a mulher tem ao optar por essa modalidade. Logo após o nascimento, o bebê acolhido pela mãe cria um vínculo que facilita o aleitamento e a relação de mãe e filho. "O bebê nasce na hora que ele quer, e não na hora que alguém escolhe, é o momento que ele está pronto para vir ao mundo. Com o parto vaginal (normal) a criança e a mulher têm menos riscos como infecções, trombose e hemorragia, sem contar que a recuperação é mais rápida", afirma o Coordenador da Maternidade do Hospital Albert Einstein Eduardo Cordioli.